CAPÍTULO VI – PRAŚNA MĀRGA

CAPÍTULO VI – PRAŚNA MĀRGA




34. CONDUÇÃO DO PRAŚNA



Śloka 1 — Neste capítulo é explicado como a praśna-kriyā (a execução do praśna) deve ser conduzida e como o futuro pode ser divinado com base em certos indícios e sinais indicados nos śāstras.


NOTA — Em Kerala, parece que as pessoas geralmente pedem aos astrólogos que realizem o aṣṭamaṅgala-praśna para terem seus destinos e fortunas variados desvendados. Diz-se que a maioria das famílias participava disso e, de fato, a rotina diária de algumas famílias era regulada por esses praśnikas (especialistas em praśna). Medidas corretivas (śānti) eram tomadas para aliviar os sofrimentos causados por ações maléficas realizadas anteriormente (pūrva-pāpa). Por isso, o autor se empenha profundamente em detalhar como este praśna deve ser conduzido. Os três primeiros capítulos cobrem a primeira etapa no tratamento do praśna. Neste capítulo, o autor explica ainda como o futuro pode ser divinado pelo Tempo (kāla), com a ajuda de Deus (īśvara), presságios (śakuna), sinais (nimitta) e significações específicas.


35. PREPARAÇÃO



Śloka 2 — Depois de tomar um banho purificador (snāna), vestir-se com roupas limpas e ordenadas (śuddha-vastra) e usar as cinzas sagradas (bhasma), o astrólogo, sentado confortavelmente, deve iniciar a kriyā com grande devoção a Deus (īśvara) e ao Guru (guru-bhakti), voltado para o leste (pūrvā), observando cuidadosamente ao redor e anotando qualquer presságio (śakuna) que possa surgir.

Śloka 3 — O momento para isso não deve ser nem muito cedo pela manhã, nem já avançado ao meio-dia. Deve ser feito quando o Sol (sūrya) está brilhante e agradável (prasanna).

Śloka 4 — Dos acessórios (upakaraṇa) usados para o praśna ou consulta, se as cinzas sagradas (bhasma) forem trazidas primeiro por engano, isso prenuncia o mal (aśubha). Se uma lâmpada acesa (dīpa) for levada à sala do praśna, isso denota bem-estar geral e a bênção de Deus (īśvara-anugraha).


36. SIGNIFICADO DA LÂMPADA



Śloka 5 — Em todos os praśnas, ou melhor, em todos os karmas (atos rituais), a lâmpada (dīpa) desempenha um papel proeminente, sendo considerada uma mensageira do futuro. Se a chama for agradável e brilhante (prasanna e dīpta), ela prenuncia bons presságios.


Śloka 6 — Se a chama da lâmpada (usada no praśna) mover-se no sentido anti-horário (apradakṣiṇa), se não for brilhante (adīpta), se emitir frequentemente faíscas (śikhā), se for muito pequena em forma, se se apagar de repente apesar de haver bom óleo (taila) e pavio suficiente (vartī), se for extinta apesar de esforços repetidos para reacendê-la, se for encontrada quebrada em duas metades, se fizer sons de estalo (kaṭakaṭā) e se balançar de um lado para o outro sem haver vento contrário, então deve-se prognosticar o mal (aśubha).

Śloka 7 — Se a chama for bastante densa (ghana) e longa em aparência, se se mover apenas no sentido horário (pradakṣiṇa), se for estável (sthira) e brilhante (dīpta), se não produzir som algum, se for bela de se olhar, se tiver uma tonalidade dourada ou semelhante a joia (hiraṇya ou ratna), e se queimar ereta sem estar dobrada, então prediga prosperidade (śrī) e sucesso (siddhi).

Śloka 8 — O óleo (taila) na lâmpada representa o corpo físico (deha); o pavio (vartī), a alma (ātman); a chama (śikhā), a longevidade (āyuḥ); seu brilho e opacidade, felicidade (sukha) e miséria (duḥkha); o recipiente (pātra), seu tamanho e forma, a casa (gṛha); e o vento (vāyu), os parentes e amigos (bandhu-mitra). A lâmpada, simbolizando a divindade (divyatva), indica o futuro.

NOTA: A luz é a base de toda divindade no Universo. Diz-se que ela prediz claramente os eventos presentes e futuros do homem. O óleo na lâmpada equivale ao corpo físico da pessoa. Sua qualidade e quantidade determinam as características físicas e mentais do consulente. Diz-se que a quantidade do óleo, sua pureza, clareza, densidade e tudo o que nele se encontra — sua temperatura, cor, etc. — podem ser habilmente aplicados para deduzir as qualidades físicas e mentais do consulente. Se a quantidade de óleo for pequena, prediga que o consulente também é fraco de sangue (rakta-kṣaya); se a temperatura do óleo estiver alta, diga que ele está sofrendo de febre (jvara) ou com preocupações mentais. Se muitas coisas forem encontradas flutuando no óleo, diga que ele está sofrendo de vermes (krimi-roga). O pavio que queima pode ser considerado a alma (ātman) da pessoa. Se o pavio estiver sujo, diga que ele não possui intelecto aguçado (buddhi). Se dois pavios estiverem entrelaçados, diga que seus prāṇa, apāna e outros vāyus não estão funcionando adequadamente, e, portanto, ele sofre de má saúde (rogatva) e problemas mentais (mano-vikāra). A chama da lâmpada é a “vida” (jīvana). Seu tamanho determina a longevidade (āyuḥ). Se estiver brilhante, ele é feliz (sukhī); se estiver opaca, ele está aflito (duḥkhī). O recipiente que contém o óleo é a casa (gṛha) do consulente. Se ele for de tamanho apropriado ou tiver forma limpa, diga que ele vive em uma casa espaçosa e organizada. Se você tiver que mover a lâmpada acesa de sua posição original, então prediga que o consulente mudará de casa (gṛha-parivartana). Se uma brisa suave soprar contra a luz, diga que ele possui amigos íntimos (suhṛd-mitra) para ajudá-lo. Se um vento adverso soprar, diga que ele possui inúmeros inimigos (śatru). Dessa forma, essa ideia pode ser expandida inteligentemente pelos astrólogos. A esse respeito, pode-se fazer referência ao Daśādhyāyī, um comentário sobre o Bṛhat Jātaka de Varāhamihira, śloka 18, capítulo V. Lá, o termo sneha (óleo) é considerado como felicidade (sukha) ou miséria (duḥkha) de uma pessoa. O pavio é considerado o corpo físico (śarīra), e a chama é comparada à alma (ātman). Consequentemente, alguns mudam a leitura e dizem que o pavio representa a longevidade (āyuḥ) e a chama, a alma (ātman). O significado de uma lâmpada (dīpa) no praśna, tratado de forma tão elaborada pelo autor, talvez precise ser ignorado nos tempos modernos, visto que as lâmpadas a óleo são hoje praticamente ausentes, tendo sido substituídas por luzes elétricas.

Śloka 9 — Se a chama queima voltada para o leste (pūrvā), isso prediz prosperidade (śrī).
  • Se a chama estiver direcionada para o sudeste (āgneyī), prediga “perigo de fogo” (agni-bhaya).
  • Se estiver voltada para o sul (dakṣiṇa), diga “morte” (mṛtyu).
  • Se estiver para o sudoeste (naiṛṛtī), prediga “doenças como epilepsia, apoplexia ou ataques súbitos” (apasmāra, pakṣaghāta, śīghra-roga).
  • Se estiver voltada para o oeste (paścima), diga “melhoria” ou paz (kṣema, śānti).
  • Se estiver para o noroeste (vāyavyī), prediga “pobreza e declínio” (daridra, hāni).
  • Se estiver para o norte (uttara), prediga “ele acabou de superar um grande perigo ou morte” (mahā-bhaya-nivṛtti, mṛtyu-parihāra).
  • Se estiver para o nordeste (aiśānīya), conclua “saúde geral favorável” (sarva-svasthya).
  • Se a chama arder verticalmente (ūrdhva), afirme que sucesso e ganhos acompanharão os esforços do consulente (siddhi, lābha).

NOTA: Em todos esses casos, o astrólogo deve cuidadosamente divinar a situação, o ambiente e o contexto, aplicando os lakṣaṇa (indícios, marcas) mencionados acima.

Śloka 10 — Se qualquer um dos artigos (dravyāṇi) trazidos ao apresentar uma pergunta for colocado naquele lado ou direção (dik) ocupado por Gulika no momento, ou naquele lado indicado no zodíaco (rāśi) como o 8º rāśi contado a partir do Ārūḍha ou do Janma Rāśi (signo natal) do consulente, então o consulente encontrará uma morte precoce (akāla-mṛtyu), a menos que essa posição esteja sob o aspecto de Júpiter (Guru).

NOTA: Normalmente, ao fazer perguntas (praśna), é costume trazer artigos como flores (puṣpa), folhas de bétel (tāmbūla), bastões de sândalo (candana), etc. A colocação desses artigos em uma direção ou quadrante específico, em referência a Gulika, ao Ārūḍha ou ao Janma Rāśi do consulente, parece ter importância particular na determinação do resultado da consulta. O aspecto de Júpiter (Guru-dṛṣṭi) pode evitar a crise. Para os propósitos deste śloka, as diferentes direções são denotadas assim:

  • Áries (Mesha) e Touro (Vṛṣabha) → Leste (pūrvā)
  • Gêmeos (Mithuna) → Sudeste (āgneyī)
  • Câncer (Karkaṭa) e Leão (Siṁha) → Sul (dakṣiṇa)
  • Virgem (Kanyā) → Sudoeste (naiṛṛtī)
  • Libra (Tulā) e Escorpião (Vṛścika) → Oeste (paścima)
  • Sagitário (Dhanuṣ) → Noroeste (vāyavyī)
  • Capricórnio (Makara) e Aquário (Kumbha) → Norte (uttara)
  • Peixes (Mīna) → Nordeste (aiśānīya)

Suponha que, no momento da pergunta, Gulika esteja em Gêmeos (Mithuna), ou seja, no sudeste (āgneyī), e os artigos sejam colocados no lado sudeste. Isso significa que o consulente poderá morrer, a menos que Júpiter esteja aspectando o signo.


37. DESENHANDO O CÍRCULO OU O MAPA



Śloka 11 — Desenhe um diagrama (cakra) sobre um local plano e limpo, devidamente purificado e arrumado, coberto por uma camada de arroz cru (akṣata) e adornado com uma lâmpada (dīpa), flores (puṣpa) e outros ornamentos (alaṅkāra).

NOTA: Cakra aqui se refere ao diagrama zodiacal, ou seja, o mapa astrológico. Ele deve ser desenhado em um local plano e limpo, coberto com arroz cru e ornamentado com flores, lâmpadas e outros enfeites auspiciosos.

Mīna

Peixes

Meṣa

Áries

Vṛṣabha

Touro

Mithuna

Gêmeos

Kumbha

Aquário

Padma

Lótus

Kaṭaka

Câncer

Dhanus

Sagitário

Vṛścika

Escorpião

Tulā

Libra

Kanyā

Virgem



Depois de desenhar o diagrama (cakra), deve-se oferecer pūjā (adoração) ao padma (a porção central, o lótus). A peça de ouro (suvarṇa-piṇḍa) deve ser colocada em uma dessas partes, que serão detalhadas posteriormente.


Śloka 12 — Desenhe o cakra ou figura no solo mencionado acima, medindo 24 aṅgulas quadrados. Divida-o em 16 partes iguais de 6 aṅgulas cada. Assim, você obterá no centro um “lótus” (padma) com quatro pétalas. As 12 partes restantes constituirão os 12 signos do zodíaco (dvādaśa rāśi), começando por Áries (Meṣa).

Śloka 13 — Alguns astrólogos condenam o uso de cinzas sagradas (bhasma) para desenhar este cakra. Ainda assim, muitos ainda o utilizam nos dias de hoje.

Śloka 14 — Este cakra deve ser desenhado no sentido horário (pradakṣiṇa). Muitos obstáculos (vighna) são indicados se ele for desenhado primeiro no sentido anti-horário (apradakṣiṇa) e depois invertido para a direção correta.



38. NATUREZA DO GRÁFICO



Śloka 15 — Linhas bem marcadas (spuṣṭa-rekhā) indicam prosperidade (śrī). Linhas indistintas (aspuṣṭa-rekhā) indicam miséria (duḥkha) e aflição (kleśa). Linhas quebradas (bhinna-rekhā) mostram que há obstáculos à frente, tanto para a felicidade quanto para o trabalho (sukha-kārya-vighna).


39. COMO O SACERDOTE DESENHA O CAKRA



Ślokas 16 e 17 — Se acontecer de a linha do norte (uttara-rekhā) ser desenhada primeiro, então pode-se dizer ao consulente que ele terá ganhos monetários (dhana-lābha). 

  • Se a linha do oeste (paścima-rekhā) for desenhada primeiro, então as doenças (roga) aumentarão.
  • Se a linha do leste (pūrvā-rekhā) for desenhada primeiro, pode-se prever o “nascimento de filhos” (putra-janma).
  • Se a linha do sul (dakṣiṇa-rekhā) for desenhada primeiro, pode-se predizer morte (mṛtyu).

NOTA: Geralmente, o cakra é desenhado pelo sacerdote do templo (pūjārī) e não pelo astrólogo. Portanto, o modo como o diagrama é desenhado deve ser interpretado pelo astrólogo (praśnika).

Śloka 18 — Se qualquer porção do cakra for encontrada um pouco elevada, então o astrólogo deve predizer que, na casa (gṛha) e no quintal (gṛha-prākāra) do consulente, há um local que é elevado (unnata-sthāna); se houver alguma depressão em qualquer parte do cakra, então há um poço profundo ou buraco (garta) no quintal ou na casa dele.

NOTA: O astrólogo deve interpretar o rāśi-cakra como representando a casa e o quintal do consulente (praśna-kartā).

Śloka 19 — Se, em algum lugar do cakra, forem encontrados pedaços de grama espalhados (tṛṇa-cūrṇa), deduza que há árvores (vṛkṣa) daquele lado no quintal do consulente.
  • Se o cakra for encontrado úmido em algum ponto (snigdha-sthāna), diga que há lagoas (sarovara) e poços (kūpa).
  • Se você descobrir um pedaço de pedra (aśma), então diga que há locais rochosos (śilā-sthāna).
  • Se você notar pequenas partículas de areia (vālukā), conclua que certas partes do quintal são elevadas ou que há coqueiros (nārikela) ou outras árvores semelhantes.
  • Se você encontrar barro úmido em algum lugar, salpicado por formigas (pipīlikā), declare que haverá um formigueiro (vālāṅka) no quintal do consulente.

NOTA: Nestes nove śloka-s, o autor trata do Lekhaka Sparśa Lakṣaṇam, ou seja, dos efeitos do toque (sparśa) e da postura (sthiti) do homem que desenha o cakra.

Ślokas 20 a 22 — Depois de terminar o cakra, se o desenhista (lekhaka) der algo a alguém, conclua que a propriedade (dhana) do consulente será em breve vendida (vikraya).
  • Se ele receber algo de alguém, então ele obterá novas terras (kṣetra-lābha).
  • Se ele levantar a mão para cima, então pense que há árvores (vṛkṣa) nas terras do consulente.
  • Se ele usar anéis nos dedos levantados ou tocar seu colar (hārā), então diga que há trepadeiras (latā) nas árvores.
  • Se ele levantar as palmas das mãos com os dedos dobrados (kuñcita-aṅguli), então diga que as árvores estão sem galhos (śākhā-hīna).
  • Se ele fechar o punho (muṣṭi), então diga que há muitos tocos de árvores (stambha).
  • Se ele tocar os pelos do rosto (mukha-keśa), então diga que há árvores espinhosas (kaṇṭaka-vṛkṣa).
  • Se ele tocar suas narinas (nāsa) ou orifícios das orelhas (karṇa-śrotra), então diga que há tocas de ratos (mūṣika-bila) e buracos de cobras (nāga-bila) nos jardins (udyāna) do consulente.

40. COMPORTAMENTO DO AGENTE



Ślokas 23 e 24 — Se ele tocar seus cabelos desgrenhados (vikīrṇa-keśa), o cabelo na cabeça ou o bigode (śmaśru), então afirme que há capim kuśa e outros tipos de grama (tṛṇa) no local.
  • Se ele tocar seu nariz (nāsa), você encontrará buracos de formiga (pipīlikā-bila).
  • Se, no entanto, ele tocar o estômago (udara), os órgãos genitais (liṅga), os olhos (netra), a boca (mukha) ou o peito (vakṣas), então diga que há abundância de água (jala) nos jardins (udyāna) do consulente.
  • Se ele tocar qualquer parte suada do corpo (sveda-sthāna), você encontrará que as terras dele são muito férteis (sasyavatī), com água fluindo constantemente (satatā-pravāha).
Śloka 25 — Se ele colocar as mãos nas axilas (kakṣa) ou no ânus (guda), então a água nos jardins será de má qualidade (durgandha-jala).

  • Se ele levantar muito alto os braços (ūrdhva-bāhu), há árvores muito altas (dīrgha-vṛkṣa); 
  • se ele abaixar muito as mãos (adho-bāhu), as árvores são raquíticas (kṣudra-vṛkṣa).
  • Se ele tocar seus dentes (danta) ou unhas (nakha), então riquezas minerais (loha-dhātu) ou jazidas metálicas podem ser descobertas nos terrenos do consulente.

Ślokas 26 e 27 — Se ele tocar sua rótula (jānu) ou outros pontos ósseos do corpo (asthi-sthāna), então muitas pedras (aśma) e ossos (asthi) podem ser encontrados no quintal (prākāra) do consulente.
  • Se ele tocar o umbigo (nābhi) ou qualquer outro membro deprimido (avaguṇa-sthāna), então muitos poços (kūpa) e lagoas (hrada) podem ser vistos nos jardins (udyāna).
  • Haverá rios (nadī) ou pequenos riachos (nala) nos jardins se ele tocar a crista das costas (pṛṣṭha-parvata).

Agora trataremos de outros segredos (rahasya) relativos ao mensageiro (dūta).


Śloka 28 — O astrólogo deve marcar cuidadosamente as outras pessoas, se houver, que acompanham o mensageiro no momento do convite (āhvāna).
  • Ele deve observar a natureza dessas pessoas e afirmar que o consulente possui casas ao redor da sua, habitadas por pessoas semelhantes em ocupação (jāti) e casta (varṇa) às pessoas já observadas.
  • Se, no momento do primeiro convite, aparecer um arqueiro (dhanuṣ-dhara), diga que há um templo (deva-sthāna) naquela direção da casa do consulente onde o Deus Śāstā é adorado.
  • Se aparecer uma mulher (strī), prediga que há um templo dedicado à Deusa Lakṣmī ou Durgā naquela direção da casa.
  • Se surgirem meninos sujos (malina-bāla), então prediga que espíritos malignos (piśāca) vivem nas proximidades.
Śloka 29 — Se um brāhmaṇa aparecer, diga que um brahma-rākṣasa reside naquela direção da casa.
  • Se um homem perverso (pāpa-puruṣa) aparecer, então diga que o consulente é molestado por ladrões (caura) e assaltantes (daitya).
NOTA: Todos esses lakṣaṇa-s podem ser aplicados tanto no momento do praśna quanto no momento do primeiro convite (prathama-āhvāna).

Ślokas 30 e 31 — Após o cakra ser desenhado, o astrólogo deve lavar os pés (pāda-śuddhi), purificar o corpo com mantras védicos (śarīra-śuddhi), adorar o Ātman e o Senhor Gaṇeśa.

Depois disso, ele deve prestar culto ao Senhor Maheśvara utilizando o pañcākṣarī-mantra (“oṁ namaḥ śivāya”) no lótus (padma) ao centro do cakra, após as adorações preliminares (pūrvārcana), e preparar as oferendas (naivedya) a serem feitas às Deidades secundárias (upa-devatā).


41. INVOCAÇÃO AO SENHOR


Śloka 32 — A meditação no Senhor é a seguinte:

“Eu invoco o Senhor, que está graciosamente assentado no grandioso trono (mahā-siṁhāsana) colocado sobre uma plataforma cristalina (sphāṭika-pīṭha), aos pés de uma árvore celestial (kalpa-vṛkṣa) em um lugar tranquilo no Grande Monte Kailāsa, que é assistido por toda a hoste dos Deuses (deva-gaṇa), cuja mão esquerda repousa sobre o joelho, que segura um cervo (mṛga), um machado (paraśu) e o símbolo do conhecimento (jñāna-mudrā), cujo corpo está envolto com faixas ióguicas na forma de serpentes (nāga-yoga-pāśa), e que ensina o Supremo Conhecimento (para-vidyā) ao grupo de sábios (ṛṣi-gaṇa).”

42. ADORANDO OS PLANETAS


Ślokas 33 e 34 — Os signos (Meṣa e outros), os planetas (graha) posicionados em diferentes signos, e Gulika devem ser adorados, cada um pelo seu nome, como Deidades subordinadas (upa-devatā). 

Ao final da adoração, ele deve venerar Sarasvatī e Guru nos objetos auspiciosos (maṅgala-dravya) colocados ao lado do cakra e adorar Lakṣmī na lâmpada (dīpa).

NOTA — O śloka 32 deve ser recitado como dhyāna-mantra para a adoração ao Senhor Maheśvara.

43. COLOCAÇÃO DA PEÇA DE OURO


Śloka 35 — Após esta pūjā, pegue uma peça de ouro (suvarṇa-piṇḍa), lave-a e coloque-a em uma bacia (pātra) ou sobre uma folha de bananeira (kadali-patra). Aplique pasta de sândalo (candana) e cubra com algumas flores (puṣpa), arroz colorido (rakta-akṣata), etc.

Śloka 36 — Segure-a na mão esquerda (vāma-hasta) e, cobrindo-a com a mão direita (dakṣiṇa-hasta), recite com devoção o pañcākṣarī-mantra (“oṁ namaḥ śivāya”) 108 vezes.

Śloka 37 — Então, a Aṣṭamaṅgala-kriyā é solenemente iniciada. Os detalhes são fornecidos abaixo, conforme instruído a mim por meu Guru (guru-upadeśa).

Śloka 38 — Sente-se no lado esquerdo do cakra, voltado para o leste (pūrvā-mukha). Sente-se em um local limpo (śuddha-sthāna). Coloque diante de você uma tábua de madeira (phalaka) ao norte do cakra. Pegue 108 búzios (śaṅkha-kośa) e coloque-os sobre a tábua.

Śloka 39 — Aspersos com água sagrada (pavitra-jala), cubra-os com pasta de sândalo, flores, etc., e depois adore Śiva neles como feito anteriormente.

Ślokas 40 e 41 — Você deve então realizar a navagraha-pūjā, invocando:

· o Sol (Sūrya) no leste,
· Marte (Maṅgala) no sudeste,
· Júpiter (Guru) no sul,
· Mercúrio (Budha) no sudoeste,
· Vênus (Śukra) no oeste,
· Saturno (Śani) no noroeste,
· a Lua (Candra) no norte,
· Rāhu no nordeste,

e repetir o mantra 108 vezes.

NOTA: Repita o pañcākṣarī-mantra e outros mantras recebidos do Guru (guru-mantra), invocando o Guru e os nove planetas (navagraha).


44. SANKALPA (PROPÓSITO, INTENÇÃO)



Ślokas 42, 43 e 44 — “Que, por tua graça (anugraha), possa ocorrer a mim descobrir a verdade real (satya) — tanto o bem quanto o mal — acerca da pessoa nascida em tal nakṣatra e portadora de tal nome (nāma), e os acontecimentos sobre ela no passado (bhūta), presente (vartamāna) e futuro (bhaviṣya), no que diz respeito a dinheiro (dhana), filhos (putra) e assuntos domésticos (gṛha-kārya).”


45. AṢṬAMAṄGALA



Ślokas 45 a 50 — Então, chame uma menina ou menino (bāla) não versado em astrologia (ajñānī), que tenha acabado de tomar banho (snāta) e esteja bem vestido (susaṁskṛta).
  • Ele ou ela deverá adorar a lâmpada (dīpa), Gaṇeśa e os planetas (graha) com flores (puṣpa).
  • O astrólogo então deve colocar a peça de ouro (suvarṇa) junto com as flores e outros itens na mão direita (dakṣiṇa-hasta).
  • A criança deve então dar uma volta ao redor do cakra (parikrama) e depois permanecer próxima dele, voltada para o leste (pūrvā-mukha).
  • Enquanto isso, o consulente (praśna-kartā) deve meditar em Deus (īśvara-dhyāna).
  • Então, o astrólogo, refletindo sobre o problema do consulente (praśna-cintana), deve tocar os búzios (śaṅkha) repetindo os mantras três vezes (trikr̥t-mantra), e ao final pedir ao menino ou menina para colocar a peça de ouro em qualquer um dos signos (rāśi).

46. DETERMINANDO O ĀRŪḌHA RĀŚI



Ślokas 51 a 53 — Então, o astrólogo deve dividir os búzios (śaṅkha ou kaurī) que tem diante de si em três grupos, colocando um à esquerda (vāma-pārśva), outro à sua frente (mukha-pārśva) e o último à sua direita (dakṣiṇa-pārśva).
  • Os presságios (śakuna) também devem ser levados em consideração. Este momento também deve ser anotado.
  • A natureza da respiração (śvāsa-lakṣaṇa) também deve ser observada.
  • Então, alguém pode ser enviado para ir medir a sombra do Sol (sūrya-chāyā-māna).
  • Aquele rāśi onde a peça de ouro (suvarṇa-piṇḍa) foi depositada pelo menino ou menina é conhecido como ārūḍha-rāśi (o signo levantado, ou projetado).
  • O astrólogo deve cuidadosamente observar a posição da peça de ouro entre as flores no cakra e apontar certos efeitos a partir de sua posição.

Ślokas 54 e 55 — Após terminar a adoração (pūjā), o astrólogo deve dar as previsões (phala).
  • Ele deve solenemente pegar os búzios mantidos nos três lugares, um após o outro.
  • Conte cada grupo separadamente e elimine todos os múltiplos de 8, guardando o restante (śeṣa).
  • Isso formará o dígito das centenas (śata), o dígito das dezenas (daśaka) e a unidade (eka), respectivamente, de um número que está sendo formado.

NOTA: O restante no lado esquerdo representa as centenas, o restante à frente representa as dezenas, e o do lado direito representa a unidade. Assim, obtém-se um número com três dígitos. Esse número é tecnicamente chamado de Aṣṭamaṅgala-Nāṁbara (aṣṭamaṅgala-saṅkhyā). Alguns detalhes adicionais sobre os resultados que podem ser extraídos da posição da peça de ouro são tratados nos śloka-s 32 a 36 do Capítulo VIII.


47. COISAS A SEREM OBSERVADAS



Ślokas 56 e 57 — Observe cuidadosamente o ārūḍha (o signo levantado), a posição da peça de ouro (suvarṇa-piṇḍa), a sombra do Sol (sūrya-chāyā) medida em pés (pāda), o número aṣṭamaṅgala (aṣṭamaṅgala-saṅkhyā), os sinais da lâmpada (dīpa-lakṣaṇa) e outros lakṣaṇa-s percebidos no momento.

A natureza e o número das folhas de bétel (tāmbūla), o ano (saṁvatsara), o mês (māsa), a data (tithi), o dia da semana (vāra), o nome do consulente (praśna-kartā-nāma), o nome da sua casa (gṛha-nāma), seu nakṣatra (constelação de nascimento) e o saṅkalpa (propósito ou intenção do praśna) também devem ser anotados com cuidado.

48. CONCLUSÃO



Ślokas 58 e 59 — Desenhe um cakra e espalhe arroz colorido (rakta-akṣata) sobre ele. Realize a pūjā com devoção (bhakti).
  • Adore os búzios (kaurī) para o ritual de aṣṭamaṅgala.
  • Veja que uma peça de ouro (suvarṇa) seja depositada em um dos quadrantes do cakra e determine o número aṣṭamaṅgala (aṣṭamaṅgala-saṅkhyā).
  • Para fins de pūjā, somente flores brancas (śveta-puṣpa), especialmente a flor tumbe (Leucas aspera), devem ser usadas.

NOTANestes śloka-s, o autor recapitula o que já foi tratado neste capítulo.




Assim conclui-se o 4º Capítulo do Praśna Mārgā.



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